Apontada como importante empreendimento que irá fortalecer a agricultura familiar na região, teve início em Juazeiro a construção da Central de Serviços e Apoio à Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar – CESAF. A obra, bastante reivindicada pelas entidades que compõem o Fórum de Desenvolvimento Rural Território Sertão do São Francisco, conta com investimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, com contrapartida da Prefeitura de Juazeiro.
Localizada no Bairro D. José Rodrigues, a CESAF será uma Base de Serviço da Agricultura Familiar voltada para a comercialização de produtos, sobretudo os que são beneficiados, e para a formação dos/as produtores/as, incentivando assim a agregação de valor a produção agropecuária familiar oriunda dos municípios do Território. A planta da obra prevê a construção de galpão de vendas, auditório, sala de reuniões, refeitório, dormitório, setor administrativo, área de jardinagem e de lazer e estacionamento.
Para o produtor Afonso Dias, que cultiva côco e manga no Projeto Maniçoba, o escoamento de sua produção poderá ter maiores resultados com a chegada da Central de Comercialização, pois a venda para o atravessador atualmente tem causado enormes prejuízos financeiros para os pequenos produtores.
Os critérios de funcionamento da Central, tais como o acesso dos grupos de produção, cooperativas, associações, sindicatos, uso do espaço para eventos, etc ainda não foram definidos, mas a gestão acontecerá de forma compartilhada entre o poder público e a sociedade civil. Antes mesmo do início da obra, a prefeitura de Juazeiro e o Território, através da pessoa jurídica do Irpaa, assinaram o termo de gestão, uma das exigências dos projetos financiados pelo MDA.
O entreposto, de acordo com o Secretário de Agricultura de Juazeiro, Aguinaldo Meira, irá fomentar ainda mais a implementação de políticas públicas para a agricultura familiar, a exemplo do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. O secretário destaca também o papel da Central na integração das políticas e ações que garantam a permanência das famílias no campo, oferecendo, sobretudo, condições para envolvimento da juventude com essas políticas.
Dário Nunes, membro da equipe do Irpaa, ao reconhecer o empreendimento como um marco na política de desenvolvimento territorial, lembra o esforço das entidades do Território nessa conquista e chama atenção para a importância da sociedade civil cumprir o papel de fiscalizar as políticas públicas. “Cabe ao território fazer o controle social para que o empreendimento cumpra sua finalidade, tanto no aspecto da construção quanto do funcionamento”, destacou. O representante do Irpaa no Colegiado Territorial mencionou também o “valor simbólico importante da obra, porque é uma ação que exprime o resultado do anseio do Colegiado Territorial e sobretudo dos agricultores familiares do Território Sertão do São Francisco”.
Lançamento oficial do início da obra
A construção da Central foi oficialmente lançada na programação de aniversário dos 133 anos de emancipação política do município de Juazeiro. O evento, que aconteceu na manhã desta terça-feira (19), contou com o pronunciamento do Coordenador Geral do Irpaa, Ademilson da Rocha (Tiziu), do Diretor Regional da EBDA, Fernando Moura, além do Presidente do Sindicato dos/as Trabalhadores/as Rurais de Juazeiro, representante da Câmara de Vereadores, Titulares da Pasta de Agricultura e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Juazeiro e do prefeito Isaac Carvalho.
A obra, com previsão de 6 meses para entrega da primeira etapa, conta com investimentos da ordem de 800 mil reais, e, de acordo com a prefeitura, deverá beneficiar diretamente 5.000 produtores/as. O prefeito Isaac Carvalho garante que junto com obras como essas vem a recuperação de estradas, acesso a água para pequena irrigação, fortalecimento do crédito agrícola, entre outras formas de apoio a agricultura na região.
Tiziu destacou o papel da agricultura familiar na economia do país, uma vez que a mesma é responsável por mais de 70% da alimentação da população e gera mais empregos que o agronegócio voltado para exportação. Para o coordenador do Irpaa, este novo espaço de apoio a agricultura familiar na região deve valorizar a capacitação dos grupos e produtores e servir de incentivo a participação da sociedade civil na proposição e fiscalização das políticas públicas.